sábado, 4 de dezembro de 2010

Sociedade decadente

Queria tanto poder dizer que salvei velhinhos de morrerem por causa do frio, que ganhei uma medalha de cidadão exemplar, dizer que passei um dia inteiro a plantar árvores e que estou a trabalhar num projecto contra a fome em África. Mas a verdade é que não fiz nem aconteceu nada disso, pelo contrário olho para as notícias que passam no telejornal, dizendo que estamos em crise e que cada vez mais pessoas morrem, que existe mais pobreza e que aconteceu um desastre aqui ou ali, que as pessoas recusam-se a trabalhar, fazendo greves  e que não existem postos de trabalho, quando na verdade todos nós sabemos que cada vez mais gente opta pela comodidade do desemprego.
É isso que está a acontecer à nossa sociedade, acusam os tiranos do governo de tudo o que acontece. Irrita-me que digam que está tudo caro e que já nem dinheiro há para comer, quando por trás enchem as filas de pagamento das lojas dos centros comerciais e vão almoçar ao restaurante todos os dias. Dizem que estamos a aproximarmo-nos da crise, mas muitos hábitos que temos ninguém muda, o consumismo, a ideia de que tudo o que gostamos temos de ter.
O ser humano pode ser tão desprezível, optar por comprar uma peça de roupa que custa tanto como a alimentação de alguém em África a morrer de fome.
Todos nós conseguimos olhar para aquela fotografia cliché do abutre e do menino africano esperando pela hora de morrer,  e dizermos que o mundo está às avessas, que numa parte do planeta a morte seja vista como algo mau e noutra como libertação. Dizemos isso enquanto pensamos em comprar aquelas calças lindas ou ir ao McDonald’s. Preferimos convencermo-nos de que não podemos fazer nada para que isso mude, mas na verdade podemos fazê-lo.
Somos tão medíocres e egoístas que metemos pena a nós próprios.     


domingo, 14 de novembro de 2010

A mais recente e eficaz arma nuclear existente


Olá! Eu sei que não conseguirei falar contigo uma única vez sobre isto, portanto decidi fazê-lo, (porque também sinto uma certa necessidade em me esclarecer) por escrita, onde me possa exprimir e mostrar que não foste o único a sofrer, a sofrer num mundo onde não são só as vítimas que gritam de desespero, que rebolam de tristeza e que choram de desilusão. Os vilões, por vezes são os que mais de ajuda precisam.
Não sei se o sabes que o teu sofrimento não foi em vão. Não tinha como o amenizar, como não acontecer. Um deslize, enquanto não sabia que o meu ser é/sempre será, a mais recente e eficaz arma nuclear existente. Se quiseres considerar-me aranha estás à vontade, pois tal como posso parecer inofensiva e impressionante, posso matar com uma simples picada, os meus admiradores.
 A única coisa que me restará fazer será pedir-te desculpa, é isso que as pessoas normais fazem quando se arrependem e têm uma pequena esperança de remediar a situação, mas eu, cobarde como sou, não tenho coragem de o fazer. Em condições normais seria considerado orgulho, mas eu sei que é cobardia, medo que me rejeites, talvez porque te ame. Não sei.
Desculpa.
Se soubesses o quão gostaria de voltar atrás e modificar pequenos detalhes, que conseguem trazer consequências inimagináveis. Aí, sim! Aí, podia evitar que pequenos fragmentos da nossa alma se perdessem e tornassem irrecuperáveis.